domingo, 21 de dezembro de 2008
Dos Três Mal Amados - João Cabral de Melo Neto
Conto de Natal
Aproxima-se mais um navio do porto. Parece ser um dos grandes, vai ter trabalho até o Natal, diz Antônio.
-Eu vou, mas já avisei que não posso demorar, salienta Antônio.
-Não me amole, diz Antônio.
-Espera; não quer um se divertir um pouco? Hoje é Natal, dia de realizar desejos.
-Tenho que ir, me deixa! Que isso, dona? Mas...é tão cheirosa...
-Então, aproveita, diz a mulher.
−Antônio, onde você estava? Estou te esperando desde do fim da tarde. As crianças já dormiram, a essa hora devem estar sonhando com a ceia que não tiveram, o repreende sua esposa.
-Eu bebi um pouco mais, foi só isso, diz ele.
-Cadê o pernil?
-Pernil? Eu...
-Tudo bem, meu querido, sei que fez o possível por este Natal.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Narrativa policial
ASSASSINATO NO BECO
Um crime com requinte de crueldade
1
Havia em uma cidade de classe média duas gangues de jovens muito farristas, cada grupo tinha seu líder. A gangue Raio de sol com líder Barroso e os integrantes, Leandro Braço, Hermano Argentino, Tina a Patricinha e Thaca. Do outro lado da cidade, o líder da gangue Choque, Serginho, e seus companheiros Sandro, Marcão Bombado, Germano, Marcio Pegador e Pedro, essas duas gangues aterrorizavam as cidades com suas motos transformadas e seus carrões turbinados. Na delegacia o chefe de polícia Amorim já não aguentava mais tantas reclamações de moradores, donos de restaurantes e comerciantes em geral. O detetive Armando sai às ruas várias vezes por dia com seu ajudante, o investigador Peixoto, que muito enrolado não conseguia de jeito nenhum parar os arruaceiros. O chefe de polícia Amorim chama Barrosão, o pai de Barroso, até a delegacia. Ao chegar lá, Barrosão, ex- policial civil, pergunta muito intrigado: _ por que me chamou até aqui Dr. Amorim, há algum problema? O chefe respondeu: _ sim, Sr Barrosão, o seu filho e os seus colegas andam fazendo arruaça por toda cidade. O meu filho? perguntou Barrosão. Sim, respondeu o chefe, eles batem de frente com o outro grupo chamado Choque, é uma enorme pancadaria, armam o maior quebra-quebra e ameaçam os comerciantes e moradores da cidade. Por isso, convoquei o Sr a vir até à delegacia e também chamei o Sr Carlos Machado, o pai do Serginho, para que ele tome ciência dos fatos que ocorrem. Que provas o senhor tem para essas acusações tão levianas, perguntou Barrosão. O chefe de polícia respondeu: _ o morador Sr Fernando testemunhou tudo, inclusive já o chamei para esclarecer todos os fatos que vira. “Esse X-9... disse Barrosão. Convocado o pai do Serginho, Sr Carlos Machado, um respeitado empresário do ramo automobilístico. Depois de saber o que o filho anda fazendo disse: eu não acredito no que estou ouvindo hoje mesmo vou conversar com o Serginho e vou dar um fim nisto tudo antes que piore.
2
Enquanto isso, chega ao hotel da cidade um homem muito misterioso de nome Cardoso, vindo não se sabe de onde e também nada se sabe sobre a vida dele. Ele que teve uma grande discussão com Serginho, porque ao passar em frente ao hotel, teria avançado o sinal de trânsito e o atropelou, iniciando a confusão. Não houve agressão física. Kátia, uma garota de programa, presenciou tudo. Por ser pequena, cidade tudo era manchete do jornal O cidadão. O repórter Anderson saía com sua máquina fotográfica, seu bloco de papel e caneta na mão, escrevendo tudo que lhe interessava e tirando fotos de tudo, querendo registrar algo importante.
3
Aconteciam rixas muito sérias entre as gangues. Onde eles se encontravam era um quebra-pau generalizado, com casos na polícia e também entrada no hospital, agora existia um agravante. Tina, integrante da Raio de sol e namorada do líder Barroso, se apaixonara por Serginho, líder da gangue rival. Eles marcavam encontros às escondidas sem que os grupos soubessem. Mas em uma noite chuvosa, aconteceu o flagrante. Hermano, o Argentino, bateu de frente com os dois e ficou muito transtornado: _Tina que traição! E está com a outra gangue!!! Tina assumiu dizendo: _eu já estou cheia de ser controlada por vocês e o Barroso me enoja com aquele jeito marrento dele. Hermano então partiu para a briga. Serginho se defendeu e os dois rolavam no chão até que Hermano bateu a cabeça e desmaiou. Serginho então chamou uma ambulância que o levou para o hospital.
4
Lá no cafofo da gangue Raio de Sol chega a notícia completa do acontecido e Barroso fica muito irado: eu vou matar os dois pombinhos e quem mais se colocar no caminho. Leandro Braço tenta acalmar os ânimos, Barroso muito nervoso fala: _ não me encha o saco, Braço. Naquele final de semana, aconteceria a festa de casamento fora da cidade de um primo de Barroso, e ele iria para festa. Naquela sexta-feira aconteceu. Serginho marcou um encontro com Tina no chope da cidade, os dois assistiram ao filme no cinema e depois foram a um lugar mais reservado para namorar. Já na madrugada, às três da manhã, Tina falou: já é tarde vamos embora. E Serginho respondeu que a levaria em casa. Você está doido, disse ela, pairando logo depois um silêncio entre o casal. Enquanto isso, Hermano já recuperado procura Tina por toda a cidade junto com o resto da gangue. Ele ferve de raiva, o casal atravessa a cidade para o lado da gangue Raio de Sol e chegam à casa de Tina que se despede e Serginho volta para o seu lado, e antes que consiga atravessar a rua principal que divide os dois lados, acontece o encontro com a gangue rival. Serginho está acuado não sabe o que fazer, são muitos os que o cercam. Começam as agressões: chutes, socos, pauladas. Mas Serginho muito ferido consegue fugir, correndo despista os perseguidores e entra para o beco escuro e sujo. Sem ainda saber o que o esperava. No dia seguinte, já no sábado, todos procuram por Serginho que estava sumido. O pai, Sr. Carlos, vai até a delegacia e registra o sumiço de seu filho, vai também ao hospital e ao IML da cidade, mas nada encontra. O detetive Armando começa as investigações pelo chope onde o casal esteve, faz algumas perguntas. Pelas aparências descritas, chega até Tina.
5
Ela lhe confessou que ele a deixou em casa e seguiu para sua. O chefe da polícia também convocou as gangues pra deporem e descobriu que Hermano e seus comparsas teriam agredido a vítima, por isso prendeu todos para averiguação. Logo depois, chega a notícia que acharam um corpo no beco da cidade. O jornalista Anderson foi ao beco procurar algo para escrever e encontrou o corpo de Serginho e também um mendigo que ali dormia, cuja existência ninguém sabia na cidade, com um único ferimento feito a golpe de machado que ainda se encontrava cravado em seu crânio. Começam a investigação. Das duas gangues, todos depuseram, com exceção de Barroso que não estava na cidade e era o principal suspeito, mas ele tinha o forte álibi da festa de casamento. A garota de programa Kátia informou ao chefe de polícia que tinha testemunhado a confusão entre o visitante misterioso e o Serginho. Ele também foi chamado para depor. Como todos os comerciantes eram também suspeitos, depois de muita investigação e pressão por parte da família de Serginho, chegou ao detetive uma informação muito importante, que um mendigo estaria vendendo o relógio e o celular da vítima. Prenderam o mendigo e assim chegaram ao assassino que confessou o crime, alegando que o matou para roubar os pertences, aproveitando de sua fraqueza naquele momento e assim foi desvendado o mistério de um crime no beco.
(A oralidade da narrativa foi respeita nesta publicação.)
Mais uma turma que vai embora
Queridos alunos e Queridas alunas
Chegamos a mais um fim de etapa. A vida é cheia dela. Seu início e término são as únicas certezas que temos. Se foi proveitosa, de grande aprendizagem, de descobertas, se auxiliou em nosso crescimento, somente o tempo por vir poderá nos dizer. E eu, a Professora, espero que no futuro vocês possam perceber que o tempo em que estivemos juntos foi importante para o desenvolvimento de vocês.
Contudo, além das oportunidades de troca que lhes proporcionei, eu, Fernanda, espero ter contribuído para o crescimento de vocês como homens e mulheres. Anseio sinceramente que as marcas da fé, da esperança, do comprometimento e, principalmente, do querer vencer tenham ficado nesta etapa que se conclui.
Chamo o tempo em que passamos juntos de etapa, pois outra se inicia para todos nós e quem sabe não nos encontraremos lá na frente.
Tenham a certeza de que a saudade já é muita, os dias serão diferentes sem estes rostinhos, e saibam que aqui vocês deixaram uma professora, uma amiga, uma torcedora que muito os amam.
Vão em frente!!!
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Consciência Negra
Quando discursamos sobre a trajetória da negritude é quase impossível não nos referir ao abandono herdado do regime escravista. Como não mencionarmos o passado, se esse é tão latente e faz com que a evolução seja a passos curtos e lentos. Não desgastar o discurso é inevitável, quando nos deparamos todos os dias com cenas, falas, e ações ainda tão racistas. Entrar numa sala e dar uma aula de 40 minutos para uma comunidade carente, não preciso citar o percentual de negros que a compõe, quando no bairro vizinho, alunos, em sua maioria branca, assistem a 50 minutos de aula. Sei que posso parecer exagerada mas como fingirei que não há apartheid social, quando vejo crianças negras morrendo na violência nossa de cada dia.
É dia de celebração, de festejo, sim, por isso congratulo com meus irmãos, de cor e sem cor, e espero assim como esperamos que o dia de amanhã seja melhor que o hoje.
Salve Zumbi!
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Pedido de Desculpa
O grande barato é que a revitalização da Biblioteca foi concebia por mim, em 2006. No entanto, quando pensei em levar a proposta à direção, iniciou-se um projeto de catalogação do acervo. Logo, abandonei a idéia. Agora, surge esta iniciativa e eu estou muito animada, pois poderei executar o que vislumbrei há tempos. Confesso: li o livro O Segredo ou The Secret. É... vibrei na energia certa e o projeto voltou pra minhas mãos.
Aproveitando a oportunidade, levantei uma lista de títulos como sugestão de aquisição para o nosso acervo. Apanhei um pouco na hora da Literatura Infanto-juvenil mas foi enriquecedor. Quando terminei a lista, deu-me vontade de adquirir todos os livros e lê-los para meu sobrinho. Daí, pensei: por que não dividir com os papais, mamães, titias e afins que ficam perdidos na hora de comprar um livro infantil? Posto a lista para que vocês a consulte quando forem comprar um livro que pode levar os pequenos a uma viagem emocionante.
A Arca de Noé De Vinícius de Moraes
A Bolsa Amarela" De Lygia Bojunga
A Fada que Tinha Idéias De Fernanda Lopes de Almeida
A Flor do Lado de Lá De Roger Mello
A Maior Flor do Mundo De José Saramago
A Moça Tecelã De Marina Colasanti
A Televisão da Bicharada De Sidônio Muralha
A Vida Íntima de Laura De Clarice Lispector
Alice no País das Maravilhas" De Lewis Carroll
As Aventuras de Tom Sawyer De Mark Twain
As Mil e Uma Noites - Volumes 1 e 2 Versão de Antoine Galland, com tradução de Alberto Diniz
Os Miseráveis" De Victor Hugo, com tradução de Walcyr Carrasco
As Narrativas Preferidas de um Contador de Histórias De Ilan Brenman
Bisa Bia, Bisa Bel" Escrito por Ana Maria Machado
Bruxinha Atrapalhada De Eva Furnari
Chapeuzinho Amarelo De Chico Buarque
Contos de Grimm De Wilhelm e Jacob Grimm
Contos de Perrault De Perrault
Corda Bamba De Lygia Bojunga
De Não em Não De Bartolomeu Campos de Queiróz
Dengos e Carrancas de um Pasto De Jorge Miguel Marinho
Diário de um Gato Assassino De Anne Fine, com tradução de Mariana Rodrigues
Doze Reis e a Menina no Labirinto do Vento De Marina Colasanti
É Isso Ali De José Paulo Paes, com ilustrações Walter Vasconcelos
Exercícios de Ser Criança"De Manoel de Barros
Fábulas De Monteiro Lobato
Faca Afiada De Bartolomeu Campos de Queiróz
Histórias de Bobos, Bocós, Burraldos e Trapalhões"De Ricardo Azevedo
Histórias Maravilhosas de Andersen De Hans Christian Andersen
História Meio ao Contrário De Ana Maria Machado
Indez De Bartolomeu Campos de Queirós
Indo Não Sei Aonde Buscar Não Sei O Quê De Angela-Lago
Lin e o Outro Lado do Bambuzal De Lúcia Hiratsuka
Mania de Explicação De Adriana Falcão
Marcelo, Marmelo, Martelo e Outras Histórias De Ruth Rocha
Memórias da Emília De Monteiro Lobato
Menina Bonita do Laço de Fita"De Ana Maria Machado
Meninos do Mangue De Roger Mello
Meu Livro de Folclore De Ricardo Azevedo
Não Olhe Atrás da Porta De Lia Neiva
No Olho da Rua De Georgina Martins
Nossa Rua Tem um Problema De Ricardo Azevedo
O Bichinho da Maçã"De Ziraldo
O Gênio do Crime"De João Carlos Marinho
O Mágico de Oz" De Lyman Frank Baum
O Menino Maluquinho" De Ziraldo
O Menino Quadradinho De Ziraldo
O Menino que Espiava pra Dentro De Ana Maria Machado
O Olho de Vidro do Meu Avô De Bartolomeu Campos de Queirós
O Pequeno Nicolau De René Goscinny
O Pica-pau Amarelo De Monteiro Lobato
O Sofá Estampado De Lygia Bojunga Nunes
Onde Tem Bruxa Tem Fada De Bartolomeu Campos Queirós
Os Doze Trabalhos de Hércules De Monteiro LobatoEditora Brasiliense
Os Rios Morrem de Sede De Wander Piroli
Ou Isto ou Aquilo De Cecília Meireles
Palavras, Palavrinhas e Palavrões De Ana Maria Machado
Pé de Pilão De Mário Quintana
Pererêêê Pororóóó" De Lenice Gomes
Peter Pan De James Barrie
Poemas para Brincar De José Paulo Paes
Poesia Fora da Estante (volumes 1 e 2) De Vera Aguiar, Sissa Jacoby e Simone Assumpção
O que os Olhos Não Vêem De Ruth Rocha
Raul da Ferrugem Azul De Ana Maria Machado
Reinações de Narizinho" De Monteiro Lobato
Restos de Arco-Íris De Sérgio Capparelli
Sabedoria das Águas De Daniel Munduruku
Seis Vezes Lucas De Lygia Bojunga
Sua Alteza, a Divinha - Um Conto do Nosso Folclore De Angela-Lago
Todo Cuidado é Pouco! De Roger Mello
Um Homem no Sótão De Ricardo Azevedo
Um Passarinho Me Contou De José Paulo Paes
Viagem ao Céu De Monteiro Lobato
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Cronicando
Neste Ano Novo, quero tudo novo. E, nada melhor que a água para iniciar esta renovação.
domingo, 28 de setembro de 2008
Sugestão
Boa noite e axé!
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Ainda Clarice...
Bem, diante disso, acho conveniente agradecer à Clarice (posso chamá-la pelo primeiro nome, somos íntimas) por tudo o que ela me tem proporcionado. Além do livro Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres ter revolucionado minha vida, ela me concedeu a oportunidade de ter meu trabalho reconhecido. O prêmio que recebi deveu-se à enorme influência clariciana na minha produção. E, nada mais justo, acho que até tardio, publicar na rede o conto que me lançou na vida literária e me obrigou a mostrar a que vim neste mundo.
Capinzal
Um certo dia, numa tarde de ventos do oeste, algo não estava normal. Não era como outras tardes. B. recolheu-se para a cozinha a fim de preparar o jantar, pois o Tonho já iria voltar do campo. Porém, havia algo de diferente no ar.
-Procuro aprumar minha vida...
-Não tem família, é sozinho?
-Ah Deus não me felicitou, assim que nem o senhor que tem uma casa, uma boa esposa...Sou um pobre diabo que sobrevive a cada dia com o que a sorte me guarda.
Edward Weston
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Amor entre deuses
Primeiro, ele me é muito querido, pois o dediquei a uma pessoa que não será facilmente esquecida. Depois, por envolver questões de "outro mundo" e ser este momento da manifestação em prol da liberdade religiosa. Creio que o tema seja bem-vindo. E, por fim, a narrativa é simples e relaxante.
ao meu Rei
Sempre tive curiosidade pelas coisas do oculto, do místico, do que não se pode provar cientificamente. Mitologia então, eu adorava as aulas na faculdade de Letras. Você deve estar gostando... aquelas histórias quando narrada por um bom professor de literatura não há como resistir, é paixão na certa. Vejo que anda lendo sobre a mitologia da África. Está com pressa? Sabe, vou te contar algo que aconteceu no século passado, não faz muito tempo, quando da febre da tecnologia celular. Bem, o que eu mais gostava na mitologia eram as questões amorosas e muitas vezes viam-nas se repetir na vida real. É sim! Aconteceu no início do ano... não me lembro bem, o importante é que ela depois disso se transformou em uma nova pessoa.
Era de poucos amigos, mas agradava a muitos. Fazia sucesso por onde passava: menina faceira, bonita, de falar doce, mas intrigante, possuía um ar de realeza. Chegando numa noite a um samba, como de costume paravam para vê-la adentrar o salão, se sobressaía à cena, pessoas e objetos se tornavam adornos para seu triunfo. Seu olhar à altura do horizonte, seus passos firmes, pé ante pé, dominavam e encantavam os que a observava. Naquela noite, seus olhos seguiram numa única direção. Ele altivo, discreto, emanava um som encantador. Fitaram-se tal quais heróis em duelo. Ela pensou: o quero pra mim. Dali em diante, somente a sua voz e sua imagem eram percebidas por ela. A dança de olhares durou toda a noite, até que ele foi falar com ela. Descobriu seu nome, sua profissão, onde morava, informações que viabilizariam um próximo encontro. Entretanto, sua timidez era demasiada perante tanta sedução e beleza.
A dama de olhar oriental se fazia familiar a tantas Ritas, baiana e carioca, cantada e versada capaz de atear fogo às veias dos homens e roubar-lhes a alma pelos olhos. Assim, lançou seu encanto e enfeitiçou o rapaz. Este obediente e nada de rogado marcou presença, fez a sala e ao conduzi-la à saída roubou-lhe um beijo demonstrando sua ousadia e coragem, seu arquétipo de herói merecedor da mais valiosa recompensa. Ficou a esperar o retorno da dama. O momento tão desejado não tardou, ela chegou mais uma vez radiando luminosidade e ofuscando a todos por onde passava, seus olhos brilharam ao vê-la, ela, porém via outros além dele. Quando se achavam em apropriado momento para dizerem, ou melhor, revelarem o que queriam de si. Um se aproximava, outro cumprimentava, perguntavam quem era, de onde vinha, quem a trouxe. Num piscar de olhos, concorrentes e admiradores a cercavam, afastava-a de um momento íntimo com aquele ser de postura majestosa. Ele, comprovando sua origem de boa linhagem, se manteve distante à espera da decisão da musa. Menina avoada, de pouco juízo, não sabe os méritos que possui. Sem pensar, direcionou seu olhar e atenção a um caboclo caçador, possuidor do poder da palavra e do galanteio, deixou se levar e levada foi para longe do Rei que se enamorara por ela. Viveu um romance válido por trinta dias. A dama irresistível nada via de alegre e encantador nos dias que passou ao lado deste caçador. Nasceu para brilhar, para o conforto dos grandes salões, gostava de adulações consistentes, parecia viver em um casebre na mata, aguardando a benevolência da natureza. Embora a vida fosse de fartura, esta personificação de Rita Baiana logo se cansou da falta de luxo e brilho que se instalara em sua vida.
Já acabrunhada, sem rumo, chorosa, sua divindade não a desamparou. Tirou-lhe de casa e a levou em noite de lua cheia ao encontro do Rei que um dia fora motivo de seu sorriso de felicidade. Ao vê-lo, suas pernas bambearam, seu coração acelerou. Indícios de que a profecia se cumprira. Sua firmeza já não mais existia: titubeia nas palavras, seu sorriso agora não é o de mulher fatal, mas o de menina que não sabe o que fazer de tanta emoção. Sem perder tempo, deixa aflorar sua astúcia e ardilosamente encanta de vez o Rei que esteve à sua espera.
Engraçado, Vovó, até parece uma lenda que li onde é narrada a intervenção do caçador Oxossi no amor de Xangô, Rei da nação de Oió, pela Deusa Oxum; e esta Rita não se parece com a do Aluísio se parece com a senhora.
_ Filha, quem disse que as lendas não se tornam realidade?
**********************************************
Com a benção e com muita humildade foi usado um trecho do livro O Cortiço Rio de Janeiro: Tecnoprint, - EDIOURO. Trata-se de “capaz de atear fogo às veias dos homens e roubar-lhes a alma pelos olhos”.
domingo, 14 de setembro de 2008
Clarice Lispector - A hora da estrela
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Trabalhando... será?
A atividade transcorreu em três momentos: leitura do romance, análise literária e resenha do livro. Para ajudá-los a se identificarem com a linguagem e com o enredo, visitamos o suposto cenário do folhetim, Ilha de Paquetá. Isso contribuiu para que eles se esforçassem para ler o livro antes da visita à ilha.
A avaliação foi realizada através de estudo dirigido, questões relativas ao romance e ao contexto histórico da época. A turma se surpreendeu muito com os caracteres da personagem Moreninha, chegando a considerar: ela é muito "assanhadinha" para a época.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Exposição - Clarice Lispector
Estarei neste domingo, 14/9, às 10h com as minhas turmas na exposição Clarice Lispector - A Hora da Estrela. A maioria dos meus amigos sabe da relação transcendental que tenho com esta dama literária. Se quiser aproveitar o passeio, sinta-se convidado.
"Exposição cenográfica que assinala os 30 anos de morte da escritora, falecida em 1977 e de publicação da novela A hora da estrela. Com textos, objetos pessoais da artista, reconstituição de espaços cênicos citados em sua obra e vídeos com entrevistas, a mostra comprova que a autora continua a ocupar, mesmo após três décadas de ausência, um lugar único na literatura brasileira. Com cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara, a exposição traduz o caráter reservado e intropesctivo da autora, por meio de uma ambientação intimista. Curadoria: Julia Peregrino e Ferreira Gullar "
1° andar
19 de agosto a 28 de setembro
3ª a dom., de 10h às 21h
Entrada franca
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Solitudine
sábado, 6 de setembro de 2008
A quem possa interessar
Que queima, cega, sua
Eu água límpida
Que limpa, purifica, cura
Eu vida, existo
Vivo em ti
Irá me esquecer????? rsrs
Hora de trabalho...
Este projeto foi idealizado para atender ao calendário da escola em que leciono. Lá, quando cheguei havia um projeto intitulado "Dandara", desenvolvido durante a Semana da Consciência Negra. Para participação dos meus alunos, pensei em uma atividade em que eles pudessem participar integralmente do processo sem a perda do foco de desenvolvimento do conteúdo programático. Três atividades foram estabelecidas e designadas às turmas, de acordo com o seu perfil: teatro, exposição e documentário.
O Teatro
Coube à turma mais jovem a apresentação de uma peça de teatro em que se retrata uma situação relacionada ao tema. O grande desafio seria a construção do roteiro e logo após o texto dramático.
O desenvolvimento desta etapa foi muito divertido, é claro. Vocês, colegas, sabem o que ocorre quando permitimos que a criatividade ande solta pela sala. Surgiram inúmeras idéias, umas possíveis outras absurdas, é neste momento que nossa participação como moderadores é fundamental. Digo moderadores, porque são os alunos quem concebem e executam, nós apenas aparamos arestas e oferecemos recurso e/ou conhecimento para solucionar algum problema que ocorra. As situações que foram definidas para serem retratadas: assinatura da lei Áurea, declaração da liberdade acompanhada de grande festa.
A exposição
Esta atividade foi direcionada à turma mais madura, entre 40 e 60 anos, por não requerer maior exposição dos alunos. Aqui, também a concepção e a execução foram assinadas pela turma. Decidiram pesquisar os escritores negros da Literatura Brasileira. O desafio foi a pesquisa, a compilação e resumo, o texto de abertura da exposição e apresentação aos visitantes.
O documentário
Este momento foi o mais complexo, pois outras pessoas da comunidade foram envolvidas. A proposta era de apresentar à comunidade escolar as influências africanas na comunidade local da escola, por isso intitulamos o trabalho de Manifestações afro-descendentes: as várias linguagens.
O grande desafio desta etapa tratava-se do planejamento e execução do documentário. Para isso, foi necessário que eles assistissem a um como exemplo, para conhecer este tipo de linguagem.
Conhecer a estrutura do documentário foi fundamental. Determinar bem cada momento como: que tipos de eventos devem ser filmados, onde você deve ir para filmá-los, quem – ou que tipo de pessoa – deve ser filmada, que tipo de comportamento você está procurando, o que você precisa como background para as tomadas, que tipo de depoimento – tanto de arquivos quanto de entrevistas – pode ajudar você a apresentar a idéia do documentário. Isso embasou a produção do texto de apresentação do filme.
Em relação à produção, decidiu-se que a escola de samba, o grupo de pagode, o terreiro de candomblé (contribuição da língua Ioruba) seriam as manifestações privilegiadas, pois se destacavam no local, no bairro Cubango, em Niterói.
Este projeto está estruturado e pronto para ser aplicado. Caso alguém queira desenvolvê-lo em sua escola, me escreva.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
No dia seguinte da partida ou após a presença...
Roupa espalhada,não há
Sapatos, um par em cada lugar, não há
Bijuterias, minhas e alheias, distribuídas pelas prateleiras, não têm
Porta aberta, não mais
Toalha molhada, não mais
Todos os copos sujos na pia, não estão
Home theater ligado, não está
Rabiscos de contas e telefones no meu diário, já não têm
Tudo em seu lugar como sempre
Principalmente o vazio que a aqui residi
Sozinha, livre, somente só
Para quê?
Ver o creme dental sempre no mesmo lugar?
Não se demore, Maninha!
Seja bem-vindo!
Puxe uma cadeira, a casa é sua!