domingo, 28 de setembro de 2008

Sugestão

Domingo à noite, frio, chuva, fome. Combinações perfeitas. Resultado: omelete de manjericão. Além de saborosa, a erva tem o poder de atrair a prosperidade. Que venham coisas boas, a casa está aberta.

Boa noite e axé!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ainda Clarice...

O assunto Clarice Lispector não terminou, lá, na escola. Ainda ouço rumores, ti-ti-tis, disse-me-disse sobre a vida e a obra da escritora. Fico muito envaidecida, é claro. Uma vez que tudo isso ocorre por causa da minha iniciativa e meu talento pra contar história. O resultado não poderia ser diferente: eles se apaixonaram por ela assim como eu. Rsrsrsrs

Bem, diante disso, acho conveniente agradecer à Clarice (posso chamá-la pelo primeiro nome, somos íntimas) por tudo o que ela me tem proporcionado. Além do livro Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres ter revolucionado minha vida, ela me concedeu a oportunidade de ter meu trabalho reconhecido. O prêmio que recebi deveu-se à enorme influência clariciana na minha produção. E, nada mais justo, acho que até tardio, publicar na rede o conto que me lançou na vida literária e me obrigou a mostrar a que vim neste mundo.




Capinzal


Um certo dia, numa tarde de ventos do oeste, algo não estava normal. Não era como outras tardes. B. recolheu-se para a cozinha a fim de preparar o jantar, pois o Tonho já iria voltar do campo. Porém, havia algo de diferente no ar.

Estavam à mesa quando, de repente, bateram na porta. Tonho atende: é um viajante pedindo abrigo, pois o temporal estava assustador e seria impossível continuar sua jornada. Servem-lhe a sopa, que ainda estava quente, dão-lhe roupas secas e uma esteira no canto da sala próximo à lareira.

Digo ao Tonho que o forasteiro não é como os outros. Ele diz pra eu deixar de cisma... Ele sempre tem razão, pois mulher tem miolos fracos, ele, que é homem é que sabe das coisas. Naquela madrugada, os ventos estavam mais fortes do que o costume, o capinzal parecia desmaiado, como se o vento houvesse sugado suas forças.

Bem cedinho, desci para preparar o café, quando percebi que o forasteiro estava a ceifar capim para os cavalos e o Tonho o observava: Preciso pagar de alguma forma a acolhida e a benevolência recebida.

Sol a pino, sirvo o almoço, não consigo tirar os olhos das mãos e dos pés do desconhecido. É como se alguma força me atraísse. Nunca vi dedos tão perfeitos, bem desenhados, tão diferentes das unhas do Tonho; aliás, acho que nunca vi outro dedo a não ser o do Tonho. Essa é a primeira vez que percebo que pés e mãos não são simples partes do corpo. São como chaves para portas que ainda estão fechadas.

E, então o que fazes por essas bandas? diz, Tonho.
-Procuro aprumar minha vida...
-Não tem família, é sozinho?
-Ah Deus não me felicitou, assim que nem o senhor que tem uma casa, uma boa esposa...Sou um pobre diabo que sobrevive a cada dia com o que a sorte me guarda.

Minha Nossa Senhora, fiquei paralisada, “boa esposa”. Pensei, nunca ouvi isso...Elogio era desconhecido em seu mundo. Ali, no seu habitat era apenas um utensílio doméstico, uma composição característica daquele ambiente rude e marrom. Uma mulher que não sabia o que era ser mulher, às vezes se achava parecida com os animais. Com a diferença de que Tonho passava muito tempo a cuidar deles.

De tempo em tempo, passavam pela região uns vendilhões com suas quinquilharias. Da última vez, implorei ao Tonho que comprasse um exemplar de uma revista que retratava a moda francesa e trazia na capa uma foto de uma atriz. Apesar de a revista já estar amarelada devido ao tempo e de eu saber que nunca iria usar um daqueles vestidos, fiquei horas a contemplar as fotos e a sonhar com cenas que eu construía limitadamente, pois eu não conhecia o mundo, não sabia o que era a vida além do capinzal, e, assim, não tinha como idealizar meus próprios desejos. Nem mesmo tinha consciência de que os tinha.

Ali, sentada em minha cozinha, olhando pela porta, notei que o meu olhar era moldado à forma das janelas e portas daquela casa. Que a claridade do sol nunca era límpida, pois sempre a percebia pela sombra de algum cômodo...Quando, de repente, o estranho atravessa minha visão, achei que fosse impressão, mas não era, ele estava a me espreitar. Fingi continuar em meu devaneio...ah...o tempo não passa. É...a vida no campo é tranqüila, porém ela tem dessas coisas, disse-me ele, e acrescentou “na cidade, não...é corre-corre, é impossível ver o tempo passar. Quando nos damos conta, aí já se foi o dia.”

-B! gritou Tonho. Já disse que não quero você de conversa com esse sujeitinho, aliás, não sei o que ele viu na sua prosa para lhe dar tanta atenção. Você não tem nada dentro dessa cachola.

Na manhã seguinte, o vento voltou a soprar do leste. B. sentiu novamente algo de diferente, mas com um pouco mais de naturalidade. Parecia que a mudança havia se sedimentado.

Sol a pino, Tonho volta do campo, senta-se à mesa e percebe que, naquele dia, o fogão não fora aceso.

Edward Weston


Este conto venceu em 2004 o concurso de conto Prata da Casa patrocinado pela Petrobrás.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Amor entre deuses

Alguns motivos me incitaram a postar este conto. Ele não é uma pérola literária, mas uma alusão aos bons e inexplicáveis acontecimentos da vida.

Primeiro, ele me é muito querido, pois o dediquei a uma pessoa que não será facilmente esquecida. Depois, por envolver questões de "outro mundo" e ser este momento da manifestação em prol da liberdade religiosa. Creio que o tema seja bem-vindo. E, por fim, a narrativa é simples e relaxante.

Críticos, afastem-se!
Leitores, aprocheguem-se!




ao meu Rei

Sempre tive curiosidade pelas coisas do oculto, do místico, do que não se pode provar cientificamente. Mitologia então, eu adorava as aulas na faculdade de Letras. Você deve estar gostando... aquelas histórias quando narrada por um bom professor de literatura não há como resistir, é paixão na certa. Vejo que anda lendo sobre a mitologia da África. Está com pressa? Sabe, vou te contar algo que aconteceu no século passado, não faz muito tempo, quando da febre da tecnologia celular. Bem, o que eu mais gostava na mitologia eram as questões amorosas e muitas vezes viam-nas se repetir na vida real. É sim! Aconteceu no início do ano... não me lembro bem, o importante é que ela depois disso se transformou em uma nova pessoa.

Era de poucos amigos, mas agradava a muitos. Fazia sucesso por onde passava: menina faceira, bonita, de falar doce, mas intrigante, possuía um ar de realeza. Chegando numa noite a um samba, como de costume paravam para vê-la adentrar o salão, se sobressaía à cena, pessoas e objetos se tornavam adornos para seu triunfo. Seu olhar à altura do horizonte, seus passos firmes, pé ante pé, dominavam e encantavam os que a observava. Naquela noite, seus olhos seguiram numa única direção. Ele altivo, discreto, emanava um som encantador. Fitaram-se tal quais heróis em duelo. Ela pensou: o quero pra mim. Dali em diante, somente a sua voz e sua imagem eram percebidas por ela. A dança de olhares durou toda a noite, até que ele foi falar com ela. Descobriu seu nome, sua profissão, onde morava, informações que viabilizariam um próximo encontro. Entretanto, sua timidez era demasiada perante tanta sedução e beleza.

A dama de olhar oriental se fazia familiar a tantas Ritas, baiana e carioca, cantada e versada capaz de atear fogo às veias dos homens e roubar-lhes a alma pelos olhos. Assim, lançou seu encanto e enfeitiçou o rapaz. Este obediente e nada de rogado marcou presença, fez a sala e ao conduzi-la à saída roubou-lhe um beijo demonstrando sua ousadia e coragem, seu arquétipo de herói merecedor da mais valiosa recompensa. Ficou a esperar o retorno da dama. O momento tão desejado não tardou, ela chegou mais uma vez radiando luminosidade e ofuscando a todos por onde passava, seus olhos brilharam ao vê-la, ela, porém via outros além dele. Quando se achavam em apropriado momento para dizerem, ou melhor, revelarem o que queriam de si. Um se aproximava, outro cumprimentava, perguntavam quem era, de onde vinha, quem a trouxe. Num piscar de olhos, concorrentes e admiradores a cercavam, afastava-a de um momento íntimo com aquele ser de postura majestosa. Ele, comprovando sua origem de boa linhagem, se manteve distante à espera da decisão da musa. Menina avoada, de pouco juízo, não sabe os méritos que possui. Sem pensar, direcionou seu olhar e atenção a um caboclo caçador, possuidor do poder da palavra e do galanteio, deixou se levar e levada foi para longe do Rei que se enamorara por ela. Viveu um romance válido por trinta dias. A dama irresistível nada via de alegre e encantador nos dias que passou ao lado deste caçador. Nasceu para brilhar, para o conforto dos grandes salões, gostava de adulações consistentes, parecia viver em um casebre na mata, aguardando a benevolência da natureza. Embora a vida fosse de fartura, esta personificação de Rita Baiana logo se cansou da falta de luxo e brilho que se instalara em sua vida.

Já acabrunhada, sem rumo, chorosa, sua divindade não a desamparou. Tirou-lhe de casa e a levou em noite de lua cheia ao encontro do Rei que um dia fora motivo de seu sorriso de felicidade. Ao vê-lo, suas pernas bambearam, seu coração acelerou. Indícios de que a profecia se cumprira. Sua firmeza já não mais existia: titubeia nas palavras, seu sorriso agora não é o de mulher fatal, mas o de menina que não sabe o que fazer de tanta emoção. Sem perder tempo, deixa aflorar sua astúcia e ardilosamente encanta de vez o Rei que esteve à sua espera.

Engraçado, Vovó, até parece uma lenda que li onde é narrada a intervenção do caçador Oxossi no amor de Xangô, Rei da nação de Oió, pela Deusa Oxum; e esta Rita não se parece com a do Aluísio se parece com a senhora.
_ Filha, quem disse que as lendas não se tornam realidade?



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Com a benção e com muita humildade foi usado um trecho do livro O Cortiço Rio de Janeiro: Tecnoprint, - EDIOURO. Trata-se de “capaz de atear fogo às veias dos homens e roubar-lhes a alma pelos olhos”.

domingo, 14 de setembro de 2008

É um caminho.


Clarice Lispector - A hora da estrela

Será preciso coragem para fazer o que vou fazer: dizer. E me arriscar à enorme surpresa que sentirei com a pobreza da coisa dita.
Clarice Lispector - A paixão segundo G. H.




Hoje, estivemos na exposição Clarice Lispector - A hora da estrela. Calei-me e deixei que a guia da exposição fizesse o seu trabalho. Como é difícil o silêncio na hora certa. Como foi angustiante abrir mão daquele momento e entregar meus queridos na mão de estranhos. Quanto quis dizer-lhes sobre a obra, sobre a autora e neste momento humildemente me calei para que eles pudessem ouvir outra voz, ver outros olhos, olhar com os seus.






quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Trabalhando... será?

Projeto Ilha de Paquetá


Visando o incentivo a leitura e em atendimento ao currículo de literatura da segunda séria do ensino médio, desenvolvi o projeto intitulado A Moreninha.

A atividade transcorreu em três momentos: leitura do romance, análise literária e resenha do livro. Para ajudá-los a se identificarem com a linguagem e com o enredo, visitamos o suposto cenário do folhetim, Ilha de Paquetá. Isso contribuiu para que eles se esforçassem para ler o livro antes da visita à ilha.

A avaliação foi realizada através de estudo dirigido, questões relativas ao romance e ao contexto histórico da época. A turma se surpreendeu muito com os caracteres da personagem Moreninha, chegando a considerar: ela é muito "assanhadinha" para a época.




terça-feira, 9 de setembro de 2008

Exposição - Clarice Lispector


Estarei neste domingo, 14/9, às 10h com as minhas turmas na exposição Clarice Lispector - A Hora da Estrela. A maioria dos meus amigos sabe da relação transcendental que tenho com esta dama literária. Se quiser aproveitar o passeio, sinta-se convidado.

"Exposição cenográfica que assinala os 30 anos de morte da escritora, falecida em 1977 e de publicação da novela A hora da estrela. Com textos, objetos pessoais da artista, reconstituição de espaços cênicos citados em sua obra e vídeos com entrevistas, a mostra comprova que a autora continua a ocupar, mesmo após três décadas de ausência, um lugar único na literatura brasileira. Com cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara, a exposição traduz o caráter reservado e intropesctivo da autora, por meio de uma ambientação intimista. Curadoria: Julia Peregrino e Ferreira Gullar "

1° andar

19 de agosto a 28 de setembro
3ª a dom., de 10h às 21h
Entrada franca

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Solitudine

Não sei se esta idéia de felicidade de mulher independente, auto-suficiente, sozinha, completa... há verdade total.

A solidão existe para todas ou todos _ como queiram. O que fazemos é criar empecilhos para impedir sua atuação. Umas trabalham muito, outras cuidam de sobrinhos, algumas freqüentam roda de samba de segunda a segunda, escrevem, navegam na rede. Tudo para se desvencilhar do “estado” solitário. Será que resolve?

A solidão é camaleônica, adequa-se ao espaço e ao tempo. Numa hora ou outra, ela aparece. Seja com estardalhaço, fazendo doer o peito, aos berros para que saibamos que ela está ali, bem pertinho; ou com estratégia, sorrateira, espreitando o momento certo de se aproximar, assim não prenuncia sua chegada. Às vezes, até se faz de meiga, doce, senta-se ao nosso lado no sofá como se fosse uma antiga companheira. E ali, fica, preenchendo o vazio, se fazendo presente, residente no espaço daquilo que ainda não conseguimos atingir ou alcançar.

Calma, não estou deprimida. Mas quem um dia não se sentiu sozinho no meio da multidão?

Esta noite, durante uma atividade na sala de aula, em que os alunos deveriam apresentar à turma o texto que escolhera de Clarice Lispector. Um dos citados foi a crônica Você é um número. Ao refletirmos sobre o tema, nos deparamos com a idéia de solidão oriunda da impessoalidade. A conversa foi filosófica...

Chegamos à conclusão que ao sermos representados socialmente por um número, não adquirimos só a exclusividade da existência, mas junto com ela vem a impessoalidade. Esta em seu sentido mais pejorativo. É quando nos referimos ao nosso segundo carro, ao nosso terceiro ex-noivo, ao quinto cachorro. O distanciamento é tanto que no decorrer da conversa até nos esquecemos dos nomes das personagens.

E nesta forma de classificação – numeral - ao sermos ímpares, únicos, sem duplicação de CPF, somos seres solitários sem comprometimento com o alheio, sem culpa no cartório.

sábado, 6 de setembro de 2008

A quem possa interessar

Eu sol, irradio luz
Que queima, cega, sua
Eu água límpida
Que limpa, purifica, cura
Eu vida, existo
Vivo em ti


Irá me esquecer????? rsrs

Hora de trabalho...


Esta postagem é para os colegas de profissão. Uma sugestão de trabalho para semana da Consciência Negra.

Este projeto foi idealizado para atender ao calendário da escola em que leciono. Lá, quando cheguei havia um projeto intitulado "Dandara", desenvolvido durante a Semana da Consciência Negra. Para participação dos meus alunos, pensei em uma atividade em que eles pudessem participar integralmente do processo sem a perda do foco de desenvolvimento do conteúdo programático. Três atividades foram estabelecidas e designadas às turmas, de acordo com o seu perfil: teatro, exposição e documentário.

O Teatro

Coube à turma mais jovem a apresentação de uma peça de teatro em que se retrata uma situação relacionada ao tema. O grande desafio seria a construção do roteiro e logo após o texto dramático.

O desenvolvimento desta etapa foi muito divertido, é claro. Vocês, colegas, sabem o que ocorre quando permitimos que a criatividade ande solta pela sala. Surgiram inúmeras idéias, umas possíveis outras absurdas, é neste momento que nossa participação como moderadores é fundamental. Digo moderadores, porque são os alunos quem concebem e executam, nós apenas aparamos arestas e oferecemos recurso e/ou conhecimento para solucionar algum problema que ocorra. As situações que foram definidas para serem retratadas: assinatura da lei Áurea, declaração da liberdade acompanhada de grande festa.

A exposição

Esta atividade foi direcionada à turma mais madura, entre 40 e 60 anos, por não requerer maior exposição dos alunos. Aqui, também a concepção e a execução foram assinadas pela turma. Decidiram pesquisar os escritores negros da Literatura Brasileira. O desafio foi a pesquisa, a compilação e resumo, o texto de abertura da exposição e apresentação aos visitantes.

O documentário

Este momento foi o mais complexo, pois outras pessoas da comunidade foram envolvidas. A proposta era de apresentar à comunidade escolar as influências africanas na comunidade local da escola, por isso intitulamos o trabalho de Manifestações afro-descendentes: as várias linguagens.

O grande desafio desta etapa tratava-se do planejamento e execução do documentário. Para isso, foi necessário que eles assistissem a um como exemplo, para conhecer este tipo de linguagem.

Conhecer a estrutura do documentário foi fundamental. Determinar bem cada momento como: que tipos de eventos devem ser filmados, onde você deve ir para filmá-los, quem – ou que tipo de pessoa – deve ser filmada, que tipo de comportamento você está procurando, o que você precisa como background para as tomadas, que tipo de depoimento – tanto de arquivos quanto de entrevistas – pode ajudar você a apresentar a idéia do documentário. Isso embasou a produção do texto de apresentação do filme.

Em relação à produção, decidiu-se que a escola de samba, o grupo de pagode, o terreiro de candomblé (contribuição da língua Ioruba) seriam as manifestações privilegiadas, pois se destacavam no local, no bairro Cubango, em Niterói.


Este projeto está estruturado e pronto para ser aplicado. Caso alguém queira desenvolvê-lo em sua escola, me escreva.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

No dia seguinte da partida ou após a presença...


Casa bagunçada, não há
Roupa espalhada,não há
Sapatos, um par em cada lugar, não há
Bijuterias, minhas e alheias, distribuídas pelas prateleiras, não têm
Porta aberta, não mais
Toalha molhada, não mais
Todos os copos sujos na pia, não estão
Home theater ligado, não está
Rabiscos de contas e telefones no meu diário, já não têm

Tudo em seu lugar como sempre
Principalmente o vazio que a aqui residi
Sozinha, livre, somente só

Para quê?
Ver o creme dental sempre no mesmo lugar?

Não se demore, Maninha!

Seja bem-vindo!


Estréio com um pouco de alegria. A vida é assim: altos, baixos e alguns saltos 7,5. Tudo bem.
Decidi atender aos pedidos. Fique à vontade, entre. Sente-se, sirva-se de minha cachaça _ é da boa, sabe o quanto sou exigente com o paladar. Ouça meus discos, mexa nos meus livros, desarrume meus bichos de pelúcia. Sinta-se em casa. Se quiser repousar, posso deixar o quarto bem escurinho pra você.

Puxe uma cadeira, a casa é sua!