Boa noite e axé!
domingo, 28 de setembro de 2008
Sugestão
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Ainda Clarice...
Bem, diante disso, acho conveniente agradecer à Clarice (posso chamá-la pelo primeiro nome, somos íntimas) por tudo o que ela me tem proporcionado. Além do livro Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres ter revolucionado minha vida, ela me concedeu a oportunidade de ter meu trabalho reconhecido. O prêmio que recebi deveu-se à enorme influência clariciana na minha produção. E, nada mais justo, acho que até tardio, publicar na rede o conto que me lançou na vida literária e me obrigou a mostrar a que vim neste mundo.
Capinzal
Um certo dia, numa tarde de ventos do oeste, algo não estava normal. Não era como outras tardes. B. recolheu-se para a cozinha a fim de preparar o jantar, pois o Tonho já iria voltar do campo. Porém, havia algo de diferente no ar.
-Procuro aprumar minha vida...
-Não tem família, é sozinho?
-Ah Deus não me felicitou, assim que nem o senhor que tem uma casa, uma boa esposa...Sou um pobre diabo que sobrevive a cada dia com o que a sorte me guarda.
Edward Weston
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Amor entre deuses
Primeiro, ele me é muito querido, pois o dediquei a uma pessoa que não será facilmente esquecida. Depois, por envolver questões de "outro mundo" e ser este momento da manifestação em prol da liberdade religiosa. Creio que o tema seja bem-vindo. E, por fim, a narrativa é simples e relaxante.
ao meu Rei
Sempre tive curiosidade pelas coisas do oculto, do místico, do que não se pode provar cientificamente. Mitologia então, eu adorava as aulas na faculdade de Letras. Você deve estar gostando... aquelas histórias quando narrada por um bom professor de literatura não há como resistir, é paixão na certa. Vejo que anda lendo sobre a mitologia da África. Está com pressa? Sabe, vou te contar algo que aconteceu no século passado, não faz muito tempo, quando da febre da tecnologia celular. Bem, o que eu mais gostava na mitologia eram as questões amorosas e muitas vezes viam-nas se repetir na vida real. É sim! Aconteceu no início do ano... não me lembro bem, o importante é que ela depois disso se transformou em uma nova pessoa.
Era de poucos amigos, mas agradava a muitos. Fazia sucesso por onde passava: menina faceira, bonita, de falar doce, mas intrigante, possuía um ar de realeza. Chegando numa noite a um samba, como de costume paravam para vê-la adentrar o salão, se sobressaía à cena, pessoas e objetos se tornavam adornos para seu triunfo. Seu olhar à altura do horizonte, seus passos firmes, pé ante pé, dominavam e encantavam os que a observava. Naquela noite, seus olhos seguiram numa única direção. Ele altivo, discreto, emanava um som encantador. Fitaram-se tal quais heróis em duelo. Ela pensou: o quero pra mim. Dali em diante, somente a sua voz e sua imagem eram percebidas por ela. A dança de olhares durou toda a noite, até que ele foi falar com ela. Descobriu seu nome, sua profissão, onde morava, informações que viabilizariam um próximo encontro. Entretanto, sua timidez era demasiada perante tanta sedução e beleza.
A dama de olhar oriental se fazia familiar a tantas Ritas, baiana e carioca, cantada e versada capaz de atear fogo às veias dos homens e roubar-lhes a alma pelos olhos. Assim, lançou seu encanto e enfeitiçou o rapaz. Este obediente e nada de rogado marcou presença, fez a sala e ao conduzi-la à saída roubou-lhe um beijo demonstrando sua ousadia e coragem, seu arquétipo de herói merecedor da mais valiosa recompensa. Ficou a esperar o retorno da dama. O momento tão desejado não tardou, ela chegou mais uma vez radiando luminosidade e ofuscando a todos por onde passava, seus olhos brilharam ao vê-la, ela, porém via outros além dele. Quando se achavam em apropriado momento para dizerem, ou melhor, revelarem o que queriam de si. Um se aproximava, outro cumprimentava, perguntavam quem era, de onde vinha, quem a trouxe. Num piscar de olhos, concorrentes e admiradores a cercavam, afastava-a de um momento íntimo com aquele ser de postura majestosa. Ele, comprovando sua origem de boa linhagem, se manteve distante à espera da decisão da musa. Menina avoada, de pouco juízo, não sabe os méritos que possui. Sem pensar, direcionou seu olhar e atenção a um caboclo caçador, possuidor do poder da palavra e do galanteio, deixou se levar e levada foi para longe do Rei que se enamorara por ela. Viveu um romance válido por trinta dias. A dama irresistível nada via de alegre e encantador nos dias que passou ao lado deste caçador. Nasceu para brilhar, para o conforto dos grandes salões, gostava de adulações consistentes, parecia viver em um casebre na mata, aguardando a benevolência da natureza. Embora a vida fosse de fartura, esta personificação de Rita Baiana logo se cansou da falta de luxo e brilho que se instalara em sua vida.
Já acabrunhada, sem rumo, chorosa, sua divindade não a desamparou. Tirou-lhe de casa e a levou em noite de lua cheia ao encontro do Rei que um dia fora motivo de seu sorriso de felicidade. Ao vê-lo, suas pernas bambearam, seu coração acelerou. Indícios de que a profecia se cumprira. Sua firmeza já não mais existia: titubeia nas palavras, seu sorriso agora não é o de mulher fatal, mas o de menina que não sabe o que fazer de tanta emoção. Sem perder tempo, deixa aflorar sua astúcia e ardilosamente encanta de vez o Rei que esteve à sua espera.
Engraçado, Vovó, até parece uma lenda que li onde é narrada a intervenção do caçador Oxossi no amor de Xangô, Rei da nação de Oió, pela Deusa Oxum; e esta Rita não se parece com a do Aluísio se parece com a senhora.
_ Filha, quem disse que as lendas não se tornam realidade?
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Com a benção e com muita humildade foi usado um trecho do livro O Cortiço Rio de Janeiro: Tecnoprint, - EDIOURO. Trata-se de “capaz de atear fogo às veias dos homens e roubar-lhes a alma pelos olhos”.
domingo, 14 de setembro de 2008
Clarice Lispector - A hora da estrela
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Trabalhando... será?
A atividade transcorreu em três momentos: leitura do romance, análise literária e resenha do livro. Para ajudá-los a se identificarem com a linguagem e com o enredo, visitamos o suposto cenário do folhetim, Ilha de Paquetá. Isso contribuiu para que eles se esforçassem para ler o livro antes da visita à ilha.
A avaliação foi realizada através de estudo dirigido, questões relativas ao romance e ao contexto histórico da época. A turma se surpreendeu muito com os caracteres da personagem Moreninha, chegando a considerar: ela é muito "assanhadinha" para a época.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Exposição - Clarice Lispector
Estarei neste domingo, 14/9, às 10h com as minhas turmas na exposição Clarice Lispector - A Hora da Estrela. A maioria dos meus amigos sabe da relação transcendental que tenho com esta dama literária. Se quiser aproveitar o passeio, sinta-se convidado.
"Exposição cenográfica que assinala os 30 anos de morte da escritora, falecida em 1977 e de publicação da novela A hora da estrela. Com textos, objetos pessoais da artista, reconstituição de espaços cênicos citados em sua obra e vídeos com entrevistas, a mostra comprova que a autora continua a ocupar, mesmo após três décadas de ausência, um lugar único na literatura brasileira. Com cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara, a exposição traduz o caráter reservado e intropesctivo da autora, por meio de uma ambientação intimista. Curadoria: Julia Peregrino e Ferreira Gullar "
1° andar
19 de agosto a 28 de setembro
3ª a dom., de 10h às 21h
Entrada franca
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Solitudine
sábado, 6 de setembro de 2008
A quem possa interessar
Que queima, cega, sua
Eu água límpida
Que limpa, purifica, cura
Eu vida, existo
Vivo em ti
Irá me esquecer????? rsrs
Hora de trabalho...
Este projeto foi idealizado para atender ao calendário da escola em que leciono. Lá, quando cheguei havia um projeto intitulado "Dandara", desenvolvido durante a Semana da Consciência Negra. Para participação dos meus alunos, pensei em uma atividade em que eles pudessem participar integralmente do processo sem a perda do foco de desenvolvimento do conteúdo programático. Três atividades foram estabelecidas e designadas às turmas, de acordo com o seu perfil: teatro, exposição e documentário.
O Teatro
Coube à turma mais jovem a apresentação de uma peça de teatro em que se retrata uma situação relacionada ao tema. O grande desafio seria a construção do roteiro e logo após o texto dramático.
O desenvolvimento desta etapa foi muito divertido, é claro. Vocês, colegas, sabem o que ocorre quando permitimos que a criatividade ande solta pela sala. Surgiram inúmeras idéias, umas possíveis outras absurdas, é neste momento que nossa participação como moderadores é fundamental. Digo moderadores, porque são os alunos quem concebem e executam, nós apenas aparamos arestas e oferecemos recurso e/ou conhecimento para solucionar algum problema que ocorra. As situações que foram definidas para serem retratadas: assinatura da lei Áurea, declaração da liberdade acompanhada de grande festa.
A exposição
Esta atividade foi direcionada à turma mais madura, entre 40 e 60 anos, por não requerer maior exposição dos alunos. Aqui, também a concepção e a execução foram assinadas pela turma. Decidiram pesquisar os escritores negros da Literatura Brasileira. O desafio foi a pesquisa, a compilação e resumo, o texto de abertura da exposição e apresentação aos visitantes.
O documentário
Este momento foi o mais complexo, pois outras pessoas da comunidade foram envolvidas. A proposta era de apresentar à comunidade escolar as influências africanas na comunidade local da escola, por isso intitulamos o trabalho de Manifestações afro-descendentes: as várias linguagens.
O grande desafio desta etapa tratava-se do planejamento e execução do documentário. Para isso, foi necessário que eles assistissem a um como exemplo, para conhecer este tipo de linguagem.
Conhecer a estrutura do documentário foi fundamental. Determinar bem cada momento como: que tipos de eventos devem ser filmados, onde você deve ir para filmá-los, quem – ou que tipo de pessoa – deve ser filmada, que tipo de comportamento você está procurando, o que você precisa como background para as tomadas, que tipo de depoimento – tanto de arquivos quanto de entrevistas – pode ajudar você a apresentar a idéia do documentário. Isso embasou a produção do texto de apresentação do filme.
Em relação à produção, decidiu-se que a escola de samba, o grupo de pagode, o terreiro de candomblé (contribuição da língua Ioruba) seriam as manifestações privilegiadas, pois se destacavam no local, no bairro Cubango, em Niterói.
Este projeto está estruturado e pronto para ser aplicado. Caso alguém queira desenvolvê-lo em sua escola, me escreva.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
No dia seguinte da partida ou após a presença...
Roupa espalhada,não há
Sapatos, um par em cada lugar, não há
Bijuterias, minhas e alheias, distribuídas pelas prateleiras, não têm
Porta aberta, não mais
Toalha molhada, não mais
Todos os copos sujos na pia, não estão
Home theater ligado, não está
Rabiscos de contas e telefones no meu diário, já não têm
Tudo em seu lugar como sempre
Principalmente o vazio que a aqui residi
Sozinha, livre, somente só
Para quê?
Ver o creme dental sempre no mesmo lugar?
Não se demore, Maninha!
Seja bem-vindo!
Puxe uma cadeira, a casa é sua!