terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tem coisas que não devem ser guardadas conosco, somente.

Sabe...
a ventania sempre me fascinou. Um pouco de medo, é claro.
Eu a via como magia, poder de mover as coisas de seu lugar. Lembro-me bem dos finais da tarde de verão, quando a pancada de chuva se aproximava. Primeiro, vinha ela soberana, poderosa em sua harmonia própria, num encanto irresistível e avassalador. Uns corriam para casa, eu fechava os olhos diante da poeira da rua de terra batida e tentava atravessá-la, medindo força como se eu pudesse transpô-la.

Ela, sábia, era complacente, eu era apenas uma criança.

Hoje, neste presente tão indicativo, não me atrevo a desafiá-la. Jamais! Entretanto, estamos mais próximas, aprendi a conhecê-la. Sei que antes de chegar aquele ponto outrora lembrado, ela fora brisa, assim como eu fui menina.

No estágio da inocência somos mais solícitos, mais permissivos, mais sensíveis. E, por isso, a toda brisa que passa aproveito para pedi-la para te dizer que tenho saudades.