D. Alaíde, uma senhora com um
pouco mais de 70, minha vizinha de frente. Abro o portão e lá está D. Alaíde.
Convidei-a para diagnosticar meu jardim. Bem, ainda não é um Jardim mas é um
projeto afetuoso. Tem estrutura de alvenaria e cinco vasos de plantas.
D. Alaíde prontamente atendeu a
minha solicitação. E, lá, encurvada, revirava a terra de cada vaso. A dama da
noite brotada na noite em que Maalum veio ao mundo secara. A experiente mulher
decretou: esturricada!
As espadas de Jorge e Bárbara
_com licença são meus íntimos_ foram reunidas no mesmo vasilhame e receberam um
bom agrado de terra preta. Já o lírio, aquele da paz, fora abafado pelo
espaçoso oriri, a ele não restou terra. “Tem que comprar”, ordena a botânica.
Senti muito pela dama da noite,
presente da tia avó. Derrubei sua terra no chão e iria lavar seu vaso quando: -
Não, filha! Nem tudo que parece sujeira o é. Deixe-me ver esta terra, quero a
batata. D. Alaíde planta a batata com a
terra da dama da noite. “Pronto, prontinho, agora é só esperar a chuva.” Chuva,
veio muita, e com ela flores. Flores da batata plantada por D. Alaíde.
Ainda não pude mostrar o
resultado a D. Alaíde. Nossos encontros são no desencontro do tempo. Será que terei coragem de
agradecê-la não só pelas flores, mas também pela oportunidade de aprender a
semear?