segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A flor da batata


D. Alaíde, uma senhora com um pouco mais de 70, minha vizinha de frente. Abro o portão e lá está D. Alaíde. Convidei-a para diagnosticar meu jardim. Bem, ainda não é um Jardim mas é um projeto afetuoso. Tem estrutura de alvenaria e cinco vasos de plantas.

D. Alaíde prontamente atendeu a minha solicitação. E, lá, encurvada, revirava a terra de cada vaso. A dama da noite brotada na noite em que Maalum veio ao mundo secara. A experiente mulher decretou: esturricada! 

As espadas de Jorge e Bárbara _com licença são meus íntimos_ foram reunidas no mesmo vasilhame e receberam um bom agrado de terra preta. Já o lírio, aquele da paz, fora abafado pelo espaçoso oriri, a ele não restou terra.  “Tem que comprar”, ordena a botânica.

Senti muito pela dama da noite, presente da tia avó. Derrubei sua terra no chão e iria lavar seu vaso quando: - Não, filha! Nem tudo que parece sujeira o é. Deixe-me ver esta terra, quero a batata. D. Alaíde planta a batata com a terra da dama da noite. “Pronto, prontinho, agora é só esperar a chuva.” Chuva, veio muita, e com ela flores. Flores da batata plantada por D. Alaíde.

Ainda não pude mostrar o resultado a D. Alaíde. Nossos encontros são no desencontro do tempo. Será que terei coragem de agradecê-la não só pelas flores, mas também pela oportunidade de aprender a semear?